Cotopaxi
Num país com tantos vulcões, é fácil imaginar que a maioria dos passeios sejam relacionados a eles. E esse era exatamente nosso objetivo quando resolvemos conhecer o Equador.
Há muitos vulcões acessíveis no país, com vários graus de dificuldades, desde os mais tranquilos, até os que exigem preparo físico para a subida.
O tour para o Cotopaxi começou bem cedo, a primeira parada foi num restaurante para um bom desjejum (incluso no passeio).
Área onde paramos para o café da manhã e o jantar. |
Entramos no parque e nos dirigimos para o lado mais seco da montanha. O Cotopaxi é o que eu considero a übbermodel dos vulcões, sabe aquele vulcão que você idealiza e desenha quando criança? é ele.
Um formato simétrico, com neve no topo, todo bonitinho!
É o vulcão ativo mais monitorado do país e foi o primeiro da América do Sul a receber uma estação de monitoramento sísmico permanente, em 1976. Segundo o Instituto Geofísico do Equador, o Cotopaxi é considerado um dos vulcões mais perigosos do mundo, devido às suas características físicas (como seu relevo e a existência de geleiras no topo), à frequência e ao estilo de suas erupções (as últimas ocorreram no período entre 1877 e 1880) e o número de cidades e de pessoas expostas a uma possível erupção.
Chegamos de ônibus até mais ou menos 4.500 metros. A partir dali, teríamos que caminhar até o refúgio onde se ficam se aclimatando, os alpinistas que subirão até o topo da montanha, a 5.890 metros de altitude. Esse refúgio fica a 4.864 metros.
Há duas trilhas: a primeira muito mais íngreme, mas bem mais curta, que nossas guias indicaram apenas para a descida, já que o esforço físico seria muito maior; a segunda, uma trilha em zigue-zague de 1.500 metros que, segundo elas seria mais factível para pessoas como nós, sem preparo nenhum.
E lá fomos nós.
Logo nos primeiros 20 passos eu já estava morrendo, procurando por qualquer molécula de oxigênio que passasse por ali. Mas fui em frente, parando a cada curva para respirar.
A gente que mora abaixo dos mil metros, não tem ideia do esforço que é andar ou fazer qualquer atividade nessas altitudes, as pernas parecem que não respondem mais ao comando de mudar os passos, o peito parece que encolhe, porque você puxa o ar e não se satisfaz. É muito difícil! Tínhamos até umas três horas, no máximo para subir e voltar. O grupo tinha um pelotão “de elite” que conseguiu acompanhar a primeira guia e o grupo dos que se arrastavam, com a segunda guia, que nos acompanhou e nos incentivou o caminho todo.
A todo o momento que eu parava, ela me dizia que eu ia conseguir, que podia descansar um pouco, que devagar eu chegaria lá. Eu sentia que estava demorando muito para fazer o percurso e, no meio do caminho vi várias pessoas que desceram porque não conseguiam continuar.
Chegou um momento, que eu parei e perguntei para ela se já havíamos passado da metade do percurso, ela disse que estava um pouco mais acima essa metade e então, eu me convenci que não conseguiria, o peito doía a cada passo e a cabeça começou a dar sinais de que ia doer também. Eu iria chegar uma hora, mas iria demorar demais e não achava justo atrasar todo o grupo por minha causa. Voltei dali (foto ao lado), acho que cheguei até os 4.650 metros mais ou menos.
Pra ser sincera, acho que o caminho mais íngreme (esse aí ao lado) talvez fosse mais eficaz apesar de muito difícil, porque ele é bem mais curto e quando você imagina que vai caminhar mais de mil metros subindo sem oxigênio, parece que o desânimo toma conta, sei lá.
Fiquei um pouco triste por não ter conseguido, afinal queria ver a paisagem lá do alto e vencido esse desafio, mas viajar é isso, tentar superar seus limites, mas reconhecer o momento de parar e dizer que não dá mais.
O Cláudio continuou! Ele me contou depois que teve horas que pensou em voltar também, mas que ele via o refúgio tão pertinho, que teimou mais um pouco e conseguiu. A paisagem lá de cima, segundo ele, não é muito melhor do que a que vemos durante o percurso, na verdade são apenas mais 200 ou 300 metros de altitude, no quesito visual, isso não dá mesmo muita diferença, o legal foi a sensação de dever cumprido.
No refúgio, há um alojamento e uma cafeteria para um café, chocolate e principalmente para carimbar o passaporte, afinal você venceu um grande desafio e merece esse registro.
Dicas para essa caminhada:
- vá bem agasalhado, inclusive com luvas e gorro, pois é bem frio e venta muito;
- leve bastante água, essencial nessa caminhada além uma barrinha de cereais ou chocolate, para dar energia;
- use calçados bem confortáveis, porque se além da falta de ar, o pé estiver doendo, você não vai querer nem descer do ônibus; e,
- última dica e talvez a mais importante, se achar que não vai conseguir, se começar a sentir dores de cabeça, pare no meio da subida e volte, reconheça os limites do seu corpo! O esforço físico em altitudes elevadas, para quem não está acostumado exige muito do corpo. Não é demérito para ninguém, combinado?
Na volta, paramos ainda num lago com um visual incrível, a Laguna Limpiopungo.
Última parada novamente no restaurante da manhã, para o “almoço/jantar”, pois eram 16 horas. Uma refeição muito gostosa, com uma sopinha de entrada, prato principal e frutas de sobremesa, além do suco (incluso no passeio).
Chegamos de volta a Quito eram mais de 19 horas, pois pegamos o trânsito do horário de pico!
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