Rishikesh
Aos pés do Himalaia, no estado indiano de Uttarakhand há uma cidade sagrada, onde deuses e heróis lutaram e fizeram penitências, aonde as pessoas vão para meditar, se acalmar, fazer yoga e vivenciar
experiências novas e belas de autoconhecimento. Esta é Rishkesh, cidade sagrada indiana considerada a capital mundial do Yoga.
Com inúmeros ashrams, a cidade respira yoga. Os ashrams são locais geralmente afastados dos grandes centros, que recebe pessoas do mundo todo para temporadas e que queiram
se dedicar à filosofia do yoga; são locais de oração (caso se dedique a algum deus hindu), meditação, relaxamento e trabalhos de autoconhecimento e dedicação ao mundo
e ao próximo.
Em Rishkesh, há dezenas de ashrams, entre os principais estão o Parmarth Niketan, Sivananda Ashram, Swami
Dayananda Ashram, Sachcha Dham Ashram (este é o ashram do guru do brasileiro Sri Prem Baba e onde, todos os anos, ele faz retiros de silêncio e meditação com seus alunos). A cidade ficou famosa na
década de 60, quando os Beatles passaram uma temporada no ashram de Maharishi Mahesh, expoente da meditação transcendental. Esse evento colocou Rishkesh no mapa e a partir de então, muitas pessoas
passaram a visitar a cidade com o intuito de estudar Yoga e meditação.
Hoje esse ashram é só ruina, mas as pessoas ainda o procuram para fotos. Infelizmente há quem confunda a prática
da Yoga e da meditação com o uso de drogas e álcool e muitos ocidentais vão para lá e desrespeitam a aura sagrada do local. Nada é mais absurdo do que isso, se for pra ir a um lugar
como esse, mesmo que seja só por turismo, vá com respeito.
Rishikesh é cortada por um Rio Ganges, limpo, verde, translúcido, com peixes que se alimentam de pequenas bolinhas de comidas que os fiéis jogam em suas águas. Os aventureiros ainda
nadam e fazem rafting nas corredeiras à montante da área urbana.
O Ganges, com seus mais de 2,5 mil km é um dos maiores rios em volume d’água do mundo; nasce no
Himalaia, no estado indiano de Uttarakhand ao norte da Índia. Para os indianos, o Ganges é mais que um rio, é uma deusa: a Deusa Ganga. Banhar-se em suas águas é banhar-se no corpo da própria deusa, beber de suas águas
é purificar-se, ter as cinzas jogadas em suas águas após a morte é juntar-se finalmente à deusa. As imagens que temos no ocidente desse rio sempre remetem à poluição
e a corpos sendo cremados e jogados em suas águas (isso acontece principalmente em Varanasi, a cidade mais sagrada da Índia). Quanto à poluição, infelizmente é uma realidade, pois,
num país com mais de um bilhão de habitantes e quase nenhum saneamento básico, é de se esperar que os dejetos sejam lançados in natura nos rios. Mas isso não impede que os indianos
façam tudo em suas águas: lavam as roupas, tomam banho, escovam os dentes, bebem de suas águas, façam oferendas... a vida gira em torno do rio!
Uma característica interessante de Rishkesh é que é uma cidade vegetariana por lei, não se vende carne e álcool e, pelo menos onde fizemos as refeições, também não se encontra ovos.
A beleza desse rio atravessando a cidade, entre os morros, me deu uma paz, uma tranquilidade, sei lá, senti algo diferente nesse local e com certeza, é um lugar que eu
gostaria de conseguir voltar um dia.
Chegamos à Rishkesh em 31 de dezembro, passamos a virada do ano à beira do Ganges. Alguns mais corajosos
deram um mergulho, eu preferi ficar assistindo e curtindo o momento, o ambiente, lua cheia; momento mais auspicioso que esse, impossível.
Ficamos no Hotel Great Ganga, no quarto com a melhor vista possível do Ganges! O hotel é bom, o quarto grande, mas tem um probleminha com o aquecedor de água: a água é aquecida e fica num reservatório
no banheiro do quarto, então, depois que uma pessoa tomou banho, a outra pessoa só poderá se banhar uns 20 ou 30 minutos depois, para dar tempo de encher o reservatório e aquecer a água;
fique atento também ao termostato do tanque de água para ver se está ligado. O café da manhã é indiano com muito curry, temperos e pimenta. O hotel tem um spa onde é possível
fazer diversos tipos de massagens, eu escolhi uma massagem para os pés e outra para a cabeça por 2 mil rúpias (por volta de 100 reais)... muito relaxantes!
Esse amiguinho nos visitou na janela do quarto! |
Melhor vista de quarto do mundo!!! |
No dia primeiro, fomos conhecer e caminhar pela cidade. Por ser um lugar sagrado e um dia de festa estava muito cheia, indianos de vários locais foram pra lá. Nesse dia,
visitamos vários ashrams, andamos por todo o centro turístico da cidade à beira do rio, atravessamos as pontes de pedestres, atravessamos o rio de barco, assistimos a cerimônia que ocorre diariamente
as 18 horas na beira do rio.
Olha essas cores! |
No dia seguinte, a cidade estava bem mais vazia e foi uma delícia caminhar, depois de nossa sessão matinal de Yoga, fomos caminhar e pudemos olhar todas as lojinhas com
calma, tiramos fotos, paramos para observar a paisagem sem nenhuma correria.
Para quem gosta de produtos indianos, Rishikesh é um sonho! O melhor lugar para compras de todas as cidades que estivemos na Índia: roupas, pashminas, lenços, sedas, sinos tibetanos, bijuterias, enfeites, badulaques! Tem pra todos os gostos
e bolsos; uma coisa que me arrependo é de não ter comprado mais coisas, mas eu tinha um problema com o peso da mala para um voo interno que faríamos de Rishkesh a Pune e não queria pagar excesso de bagagem.
À tarde, fomos de ônibus até um templo shivaísta no topo de uma montanha. De lá seria possível ver o Himalaia, contudo a neblina forte não
permitiu um bom visual, mas o por do sol estava belíssimo.
Adorei Rishkesh, além de ser a cidade de maior beleza natural que visitamos durante nossa trip pela Índia,
a aura sagrada e holística do lugar, as pessoas, tudo nesse lugar me encantou.