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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Rishikesh



Rishikesh

Aos pés do Himalaia, no estado indiano de Uttarakhand há uma cidade sagrada, onde deuses e heróis lutaram e fizeram penitências, aonde as pessoas vão para meditar, se acalmar, fazer yoga e vivenciar experiências novas e belas de autoconhecimento. Esta é Rishkesh, cidade sagrada indiana considerada a capital mundial do Yoga.



Com inúmeros ashrams, a cidade respira yoga. Os ashrams são locais geralmente afastados dos grandes centros, que recebe pessoas do mundo todo para temporadas e que queiram se dedicar à filosofia do yoga; são locais de oração (caso se dedique a algum deus hindu), meditação, relaxamento e trabalhos de autoconhecimento e dedicação ao mundo e ao próximo.




Em Rishkesh, há dezenas de ashrams, entre os principais estão o Parmarth Niketan, Sivananda Ashram, Swami Dayananda Ashram, Sachcha Dham Ashram (este é o ashram do guru do brasileiro Sri Prem Baba e onde, todos os anos, ele faz retiros de silêncio e meditação com seus alunos). A cidade ficou famosa na década de 60, quando os Beatles passaram uma temporada no ashram de Maharishi Mahesh, expoente da meditação transcendental. Esse evento colocou Rishkesh no mapa e a partir de então, muitas pessoas passaram a visitar a cidade com o intuito de estudar Yoga e meditação. 

Hoje esse ashram é só ruina, mas as pessoas ainda o procuram para fotos. Infelizmente há quem confunda a prática da Yoga e da meditação com o uso de drogas e álcool e muitos ocidentais vão para lá e desrespeitam a aura sagrada do local. Nada é mais absurdo do que isso, se for pra ir a um lugar como esse, mesmo que seja só por turismo, vá com respeito.








Rishikesh é cortada por um Rio Ganges, limpo, verde, translúcido, com peixes que se alimentam de pequenas bolinhas de comidas que os fiéis jogam em suas águas. Os aventureiros ainda nadam e fazem rafting nas corredeiras à montante da área urbana.



O Ganges, com seus mais de 2,5 mil km é um dos maiores rios em volume d’água do mundo; nasce no Himalaia, no estado indiano de Uttarakhand ao norte da Índia. Para os indianos, o Ganges é mais que um rio, é uma deusa: a Deusa Ganga. Banhar-se em suas águas é banhar-se no corpo da própria deusa, beber de suas águas é purificar-se, ter as cinzas jogadas em suas águas após a morte é juntar-se finalmente à deusa. As imagens que temos no ocidente desse rio sempre remetem à poluição e a corpos sendo cremados e jogados em suas águas (isso acontece principalmente em Varanasi, a cidade mais sagrada da Índia). Quanto à poluição, infelizmente é uma realidade, pois, num país com mais de um bilhão de habitantes e quase nenhum saneamento básico, é de se esperar que os dejetos sejam lançados in natura nos rios. Mas isso não impede que os indianos façam tudo em suas águas: lavam as roupas, tomam banho, escovam os dentes, bebem de suas águas, façam oferendas... a vida gira em torno do rio! 



Em Rishkesh, como disse há pouco, o rio ainda é limpo e muitos ocidentais vão até lá se banhar e praticar esportes aquáticos; pareceu-me bem seguro, se bem que eu não cheguei a encostar os dedos em suas águas, mas outros colegas do grupo que eu estava entraram e nadaram no rio.






Uma característica interessante de Rishkesh é que é uma cidade vegetariana por lei, não se vende carne e álcool e, pelo menos onde fizemos as refeições, também não se encontra ovos.


A beleza desse rio atravessando a cidade, entre os morros, me deu uma paz, uma tranquilidade, sei lá, senti algo diferente nesse local e com certeza, é um lugar que eu gostaria de conseguir voltar um dia.

Chegamos à Rishkesh em 31 de dezembro, passamos a virada do ano à beira do Ganges. Alguns mais corajosos deram um mergulho, eu preferi ficar assistindo e curtindo o momento, o ambiente, lua cheia; momento mais auspicioso que esse, impossível.

Ficamos no Hotel Great Ganga, no quarto com a melhor vista possível do Ganges! O hotel é bom, o quarto grande, mas tem um probleminha com o aquecedor de água: a água é aquecida e fica num reservatório no banheiro do quarto, então, depois que uma pessoa tomou banho, a outra pessoa só poderá se banhar uns 20 ou 30 minutos depois, para dar tempo de encher o reservatório e aquecer a água; fique atento também ao termostato do tanque de água para ver se está ligado. O café da manhã é indiano com muito curry, temperos e pimenta. O hotel tem um spa onde é possível fazer diversos tipos de massagens, eu escolhi uma massagem para os pés e outra para a cabeça por 2 mil rúpias (por volta de 100 reais)... muito relaxantes!








Esse amiguinho nos visitou na janela do quarto!
Melhor vista de quarto do mundo!!!
No dia primeiro, fomos conhecer e caminhar pela cidade. Por ser um lugar sagrado e um dia de festa estava muito cheia, indianos de vários locais foram pra lá. Nesse dia, visitamos vários ashrams, andamos por todo o centro turístico da cidade à beira do rio, atravessamos as pontes de pedestres, atravessamos o rio de barco, assistimos a cerimônia que ocorre diariamente as 18 horas na beira do rio.

Olha essas cores!
No dia seguinte, a cidade estava bem mais vazia e foi uma delícia caminhar, depois de nossa sessão matinal de Yoga, fomos caminhar e pudemos olhar todas as lojinhas com calma, tiramos fotos, paramos para observar a paisagem sem nenhuma correria.



Para quem gosta de produtos indianos, Rishikesh é um sonho! O melhor lugar para compras de todas as cidades que estivemos na Índia: roupas, pashminas, lenços, sedas, sinos tibetanos, bijuterias, enfeites, badulaques! Tem pra todos os gostos e bolsos; uma coisa que me arrependo é de não ter comprado mais coisas, mas eu tinha um problema com o peso da mala para um voo interno que faríamos de Rishkesh a Pune e não queria pagar excesso de bagagem.






À tarde, fomos de ônibus até um templo shivaísta no topo de uma montanha. De lá seria possível ver o Himalaia, contudo a neblina forte não permitiu um bom visual, mas o por do sol estava belíssimo.
Adorei Rishkesh, além de ser a cidade de maior beleza natural que visitamos durante nossa trip pela Índia, a aura sagrada e holística do lugar, as pessoas, tudo nesse lugar me encantou.

domingo, 15 de abril de 2018

Taj Mahal e Forte Vermelho



Taj Mahal
Era uma vez, um imperador mogol que conheceu, se apaixonou e se casou com uma princesa persa... Apesar de suas mais de dez esposas, esta princesa tornou-se especial, a mais amada e adorada. Juntos, viveram mais de 20 anos felizes, foram agraciados com muitos filhos, (14 pra ser exata)... Mas, como toda a felicidade é finita, aos 39 anos a princesa morreu dando a luz seu 14º filho. O imperador então sofreu, sofreu muito e, sem se conformar com a perda de sua amada, ordenou a construção de um mausoléu gigantesco, digno de seu amor e sua devoção. Após alguns anos de sofrimento, o imperador também morreu e seu corpo foi então sepultado ao lado de sua amada, para que descansassem juntos pela eternidade...
Essa é a bela história de amor que resultou num dos mais importantes monumentos mundiais e o mais famoso da Índia... o belíssimo Taj Mahal.

Localizado na cidade de Agra, a aproximadamente 200 km de Delhi, esse mausoléu é o monumento mais conhecido da Índia e uma das atuais Maravilhas do Mundo, patrimônio da humanidade; eu acho que quase todas as pessoas do planeta já ouviram falar dele ao menos uma vez!

Detalhe dos entalhes em pedra na área externa do Taj
 Foi construído entre 1632 e 1653 por ordem do imperador Shah Jahan, que o mandou construir em memória de sua esposa favorita (ele teve mais de dez!), Aryumand Banu Begam (princesa de origem persa, recebeu o nome de Mumtaz Mahal após o casamento), que morreu após o nascimento de seu 14º filho. Shah Jahan devia ser muito apaixonado por ela, porque a obra é gigantesca! É uma prova de amor pra ninguém por defeito!

Olha essa fila!
A construção, em mármore branco possui detalhes de flores em pedras preciosas e semi-preciosas, fios de ouro e inscrições retiradas do Corão (o monumento é islâmico). Toda a obra foi desenhada à perfeição, com suas cúpulas, minaretes e detalhes simétricos.

Ao redor do edifício principal, um jardim imenso com água e flores para completar o cenário; outras três construções em pedra vermelha (que era o tipo de pedra mais utilizado na época da construção) se destacam e completam o equilíbrio do complexo: a entrada, de onde se vislumbra os primeiros traços do Taj; e dois edifícios laterais construídos junto aos muros do complexo para balancear o conjunto, uma mesquita e outro edifício que possivelmente já foi utilizado como hospedaria.

Construção lateral, parte do complexo do Taj
No interior do Taj, visita-se uma sala onde se encontra uma réplica das tumbas de Mumtaz Mahal e de Shah Jahan, que foi enterrado ali para ficar próximo a sua amada; contudo sua tumba o único objeto que tira a simetria de todo o complexo. As tumbas originais estão na parte inferior do monumento e não podem ser visitadas.



Olha nós aí, a caráter!
A visita...

Ao chegar ao complexo, você se depara com uma fila de proporções absurdas (os indianos adoram seus monumentos e o visitam muito). Estávamos em grupo, então nossas entradas já estavam compradas. Há uma diferença grande de preços entre o ingresso pago por um indiano e um ingresso pago por um ocidental, contudo, as filas também são diferenciadas, e o ocidental acaba conseguindo entrar muito mais rapidamente no monumento, cortando a fila quilométrica. Há quem diga ser possível visitar o Taj sem filas, tudo depende da hora que você chegar ao monumento e ao dia da semana.

Como em todo monumento indiano, você passará por uma revista e por detector de metais; não é permitido entrar com comida e bebida no interior do complexo. 

No site https://tajmahal.gov.in/overview.html, você encontrará uma lista do que é permitido ou não fazer durante sua visita, além, de outras informações importantes.



Entrando no complexo, você é recepcionado pelos macaquinhos, figuras que não podem faltar em nenhum monumento indiano. Ao passar pela entrada e pelo grande portal, você vislumbra os jardins e o Taj ao longe (impossível não se lembrar das fotos que você já viu nas revistas de viagens e se perguntar... como conseguiram tirá-las sem a presença de nenhum ser humano?); A quantidade de pessoas é enorme! Tanto que em janeiro/18, as autoridades indianas resolveram limitar o número de visitantes diários para preservar o local e a paz dos visitantes (ver mais detalhes em https://viagem.uol.com.br/noticias/efe/2018/01/03/india-limitara-numero-de-visitantes-do-taj-mahal-a-40-mil-pessoas-por-dia.htm). Eu aconselho seguir logo para o Taj, pois as filas são grandes e, depois que você visitou o interior (uma sala pequena, sem grandes emoções), você sai para o pátio e pode se deliciar com as imagens ao redor do mausoléu, andar mais calmamente pelos jardins, observar tudo com tranquilidade, perca-se naquilo.

Entrada do monumento

Forte Vermelho


Se você acha que Agra se resume a visitar o Taj Mahal, engana-se profundamente! Há outro monumento incrível, porém bem pouco conhecido aqui pelo ocidente: o Forte Vermelho ou Forte de Agra, localizado há 2,5 km do Taj.




Construído em arenito vermelho e mármore, o forte é tão suntuoso quanto o Taj. Foi tombado pela UNESCO como patrimônio da humanidade.

Construído no século XVII, inicialmente para fins militares, consiste em um conjunto com mais de 500 prédios; com o tempo, passou a ser residência dos governantes.



O vermelho das muralhas e construções se destaca em meio às demais construções em mármore branco. Infelizmente, no dia em que o visitamos, um fog muito forte estava sobre a cidade, ficou bem difícil de admira-lo em toda a sua beleza, porque não conseguíamos enxergar!

Dizem que o construtor do Taj, Shah Jaham foi aprisionado neste forte durante 8 anos, por um de seus filhos que o substituiu no poder e morreu em um dos quartos, com vistas para o Taj Mahal.







Como chegar...



As ruas de Agra e seu movimento
Partindo de Delhi, você tem algumas opções para chegar a Agra:

- para os que curtem conforto: de avião, desde o aeroporto de Delhi até Agra, mas essa opção pode ficar inviável por conta da poluição, que pode fechar os aeroportos;

- para os aventureiros: de ônibus ou carro, mas pelo que ouvi durante minha viagem, as estradas indianas além de serem “mão inglesa” não são um primor de segurança, se forem como as ruas urbanas, é necessário ter fé em pelo menos quatro deuses hindus para encarar...

- de trem, essa foi a nossa opção, pegamos o trem bem cedo em Delhi (classe executiva), e, depois de algumas horas, estávamos confortavelmente chegando a Agra. O serviço de bordo foi muito bom, pra mim foi até surpreendente, não esperava por tudo que serviram!


Um dos lanches servidos no trem
Chegando a Agra, o ideal é ter um receptivo te esperando, caso contrário, pegue um taxi ou riquixá para leva-lo ao seu destino.