Cachi e o Parque Nacional de los Cardones
Uma das características que chama a atenção passeando pelos arredores de Salta é a mudança que ocorre na vegetação.
Devido à variação de altitude, é possível observar uma vegetação densa úmida próxima à cidade de Salta, vegetação rasteira quando começamos a ir para maiores altitudes, e a vegetação típica de altitude.
A madeira desse cacto é muito usada para móveis e utensílios, o que o levou a beira da extinção. Hoje, pelo menos na Argentina, sua poda é proibida e os artesãos devem usar apenas exemplares já mortos (como aqueles que foram atingidos por raios ou morreram por alguma doença) para confeccionar os objetos. Apesar de belos, a compra desses objetos deve ser evitada, pois, segundo nossos guias, não há como comprovar se a madeira foi obtida legalmente ou não.
Eu fiquei encantada com aquelas figuram quase onipresentes na beira das estradas, depois de certa altitude (eles são encontrados apenas numa faixa de altitude; abaixo ou acima dessa faixa, não há cardons, se não me engano, a faixa vai de 2000 a 3600 metros de altitude). Por isso, quando soube que em um dos passeios passaríamos no Parque Nacional de los Cardones, fiquei empolgada.
Esse parque, criado em 1996, fica no departamento de Cachi (um dos povoados que visitamos) e ocupa uma área de mais de 60 mil hectares. Passamos pela Rota 33 que cruza o parque até o povoado de Payogasta. Da estrada, a paisagem que se descortina é árida, com vegetação rasteira, muitas montanhas e a presença certeira dos cardons.
A primeira parada foi na Pedra del Molino (3348 metros de altitude), de onde, dizem, é possível tem uma bela vista, mas nós tivemos que acreditar nisso, porque a neblina impediu nossa apreciação desta vista.
A seguir, paramos no Mirador Sendero, já no Parque, aqui sim, uma vista incrível da região. Se você estiver com muita sorte, pode até observar condores voando por ali.
Depois desse mirante, entramos na Reta de Tin Tin, um trecho muito reto desta estrada, onde paramos numa espécie de “bosque”, onde podemos chegar mais perto desta espécie e observar vários estágios de seu crescimento; observamos também outra espécie de planta (a jarrilla) que serve de sombra e proteção para as pequenas mudinhas do cardon, essa planta protege o cacto durante os primeiros anos de sua vida, pois os cardons precisam de sua sombra e proteção contra o frio para crescer no início de seu desenvolvimento.
Infelizmente também, observamos plantas machucadas, lixo e bitucas de cigarros na base das plantas... tem pessoas que não deveriam ser turistas, não acham?
Seguimos pela Reta de Tin Tin, onde paramos novamente numa barraca que vendia temperos e artesanato local, além de ter uma vista de encher os olhos.
Nesse local aproveitei um momento de isolamento e apenas contemplei o lugar, estava meio fresquinho e não havia ninguém por perto, só eu e o vento fresco, muito silencioso... senti uma paz enorme (ai do lado).
Apenas passamos pelo povoado de Payogasta (no Valle de Calchaquíes), a caminho do povoado de Cachi, onde almoçamos no restaurante La Esquina.
Cachi há aproximadamente 3 mil metros de altitude é um lugarzinho pequeno e pitoresco, como todos os lugares que conhecemos nessa região da Argentina. Ruas de pedra ou paralelepípedos, uma praça agradável, onde fica a igreja San José de Cachi construída no século XVIII, tudo isso rodeado por montanhas coloridas.